A imagem da moda: “China we are with you”- por: Renata Domingues Balbino Munhoz Soares
Nos próximos dias, de 14 a 17 de julho, a Itália promove o primeiro Milano Digital Fashion Week, projeto que dá continuidade ao China, we are with you, da Camera Nazionale della Moda Italiana, que ocorreu em fevereiro deste ano, permitindo que mais de 25 milhões de pessoas pudessem assistir virtualmente as atividades da Semana de Moda Feminina de Milão de outono/inverno 2021.
A pergunta que se faz é: a moda mudou a ponto de alterar, inclusive, o formato dos fashion shows, o calendário e os ciclos das coleções?
De onde vêm as mudanças na moda? O filósofo norueguês Svendsen já dizia que sempre há a tentação de procurar uma correspondência entre o desenvolvimento das tendências do vestuário e a sociedade, e é claro que haverá pontos de contato de que a moda é uma parte importante da sociedade.
E, nesse sentido, a moda se move ciclicamente, entendendo por ciclo o espaço temporal entre a introdução de uma moda e a sua substituição por outra.
Com a pandemia global do novo coronavírus, o setor têxtil e de confecção foi um dos setores mais atingidos e a moda deve se reinventar. A começar pela sua cadeia criativa!
O novo normal propõe uma nova relação com o tempo. Estilistas do mercado de luxo perguntam: o que é luxo? Para Armani, luxo é “timeless”: “O declínio do sistema de moda, como o conhecemos, começou quando o setor de luxo adotou os métodos operacionais de fast fashion com o ciclo de entrega contínuo, na esperança de vender mais. Não quero mais trabalhar assim, é imoral”.
Para o diretor criativo da Gucci, Alessandro Michele, luxo é “seasonless”: “Nos reuniremos apenas duas vezes por ano para compartilhar os capítulos de uma nova história. Serão capítulos irregulares, impertinentes e profundamente livres. Alimentem-se de novos espaços, códigos linguísticos e plataformas de comunicação. Abandonarei o ritual desgastado das sazonalidades e shows para recuperar uma nova cadência…”.
Já para Bruno Pavlovsky, presidente da divisão de moda e acessórios da Chanel, luxo é “extravaganza”, e afirma: “…E sentimos que é importante fazer esses shows. Ainda precisamos ter a liberdade criativa para expressar cada momento”.
Apesar da decisão de cada marca, a macrotendência da moda deve continuar sendo a experiência e o lifestyle, mas sem deixar de lado o conteúdo digital e a inovação.
No pós-pandemia, a imagem das empresas e das grandes marcas, ou até mesmo a imagem pessoal, deve ter por base valores como autenticidade. Nunca foi tão importante evitar o “fake”, e isso reflete na imagem também. As marcas buscam refletir o que são, seus valores (como seu posicionamento sobre racismo, discriminação, preocupação com sustentabilidade, por exemplo) e experiências, o lifestyle, o estilo de vida.
“We are with you” veio para refletir uma imagem que comunica um novo mundo, também na moda.
Renata Domingues Balbino Munhoz Soares é Advogada, Professora e Coordenadora acadêmica da Pós-Graduação em Direito da Moda da Universidade Presbiteriana Mackenzie.
Doutora em Direito Político e Econômico; Especialista em Fashion Law pelo Milano Fashion Institute e Coordenadora do livro “Fashion Law – Direito da Moda”.
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